terça-feira, 31 de março de 2009

Innovating at every level



Esta conversa encerra toda uma estrutura ética que emerge no mundo empresarial e que se espalhará pela sociedade em geral. Inovação a todos os níveis requer uma capacidade global do indivíduo, de todos os indivíduos numa organização, para aprender sobre todos os aspectos da organização; relações sociais, gestão, produto, marketing, organização, etc. Isso é o que exige uma sociedade complexa, dinâmica. É isso que se exigirá para todos os membros de uma sociedade, seja quando gerem uma empresa, um departamento, uma sala de aula, o estado, uma associação, relações entre amigos, etc.

Cada vez mais os indivíduos têm de estar preparados para a mudança constante, e conviver com todos os seus aspectos, todas as suas implicações.

Uma dessas impicações é a forma como encaramos os valores, como encaramos a nossa própria identidade. Os valores servem como factor de coesão, como factores de identidade, como agentes de previsibilidade, mas, numa sociedade em mudança, também nós temos de mudar, obrigando-nos a encarar todos esses factores como efémeros, circustanciais. São as melhores hipóteses que servem um determinado tempo numa determinada conjuntura.

Para inovar a todos os níveis é preciso aceitar que a nossa identidade não pressupôe uma estrutura imutável de valores, requer aprendizagem e transformação constante da identidade. A nossa identidade é a nossa memória e a capacidade de nos identificarmos como um mesmo ser. E isso surge no espaço de trabalho que é a consciência.

A consciência é cada vez mais importante, em deterimento da identidade histórica. E a consciência é um processo onde ocorrem dinâmicas de integração/desintegração constantes.

terça-feira, 17 de março de 2009

A informação e a necessidade de sintonia nos vivos

Um dos aspectos usualmente realçados e que distingue as dinâmicas dos sistemas vivos dos restantes sistemas físicos é o facto das primeiras serem organizadas também por informação, quandos as outras se organizam apenas por princípios físicos simples.

É evidente que os sistemas vivos também dependem das processo físicos e da sua interacção com os processos mais complexos da infodinâmica. Mas existe um aspecto crucial que as distingue informação da energia e que torna diferentes os princípios que regem a dinâmica do vivo. A diferença encontra-se ao nível da produção de fluxos. Enquanto a energia passa de qualquer corpo para outro corpo (Para compreender melhor esta dinâmica ler sobre as leis da termodinâmica), com a informação essa ubiquidade não se verifica. A informação é contexto-dependente. As relações entre vivos, no âmbito da transferência de informação, é eficaz quando se atinge um certo grau de sintonizaçao entre emissor e receptor. Isto é verdade para o diálogo entre neurónios, entre animais e entre pessoas.

Interessa, portanto, compreender as razões para essa propriedade. A explicação depende da compreensão de certos aspectos acerca da informação. Podemos começar por afirmar que é uma propriedade da matéria mais complexa que a energia. A informação é matéria organizada. Para ser organizada significa, em primeiro lugar, que o movimento de um conjunto de matéria simples se inercializou, em seguida, é necessário que dessa conjugação se forme uma superfície com uma conformação específica funcional. É esse o sentido da organização. Essa superfície permite a esses conjuntos de matéria estabelecer contacto com outros conjuntos de matéria.

Por exemplo, na sua base material a informação funciona pela sistema de chave-fechadura, tal como sugere o modelo de dinâmica enzimática de Jacob e Monod (ver livros de biologia ou bioquímica nos capítulos de dinâmica enzimática). As enzimas, os agentes do sistema imunitário, ou neurotransmissores, são moléculas que, no seu meio "natural", assumem uma configuração específica numa das suas superfícies. Essa superfície confere-lhes a capacidade de encaixar noutras configurações, o seu molde.

Essa existência é em si mesmo o resultado de um processo de sintonização. Este molde surge por co-evolução nos sistemas vivos. Quando pensamos na comunicação humana pensamos em algo especial, devido à sua base simbólica. Assumimos com orgulho que esse foi um passo à frente na complexidade. Mas o processo é semelhante à de base enzimática, mas em tudo mais complexo. Também aqui cada símbolo tem uma configuração específica que é compreendida pelo emissor e pelo receptor. Quando um emissor produz um estímulo-símbolo, o receptor (caso tenha co-evoluido dentro da mesmo meio (cultural) do emissor estará, com uma enorme probabilidade, organizado mentalmente de forma equivalente) assinala esse estímulo, estímula o seu sistema nervoso e inicia um processo de comunicação interna que acabará por dar densidade e sentido a esse estímulo. Ou seja, o estímulo provoca um Trabalho Algorítmico Configuracional (TAC). Também aqui existe uma estrutura com uma composição específica, que resulta nessa especificidade pela interacção com o meio específico, que permite uma co-estimulação entre o emissor (chave) e o receptor (fechadura). No que podemos denominar por Complexo de Emissão-Recepção (CER).

Tudo isto é resultado de um processo de expressão e correcção múltipla e sucessiva no âmbito social e natural. Em função das inúmeras correcções efectuadas através da comunicação, entre membros de um espaço de relações preferenciais, surge a linguagem comum, os valores comuns, a simbolização comum. Existe qualquer coisa de espantoso na criação do símbolo, na sua utilização, mas o seu desligamento ao mundo dos processo naturais tem sido exagerado. A relação entre a simbolização e a sua base material é muito mais estreita do que parece. (Uma pista para reflectir sobre este assunto: pense na comunicação como uma articulação entre o pensamento e os músculos da cara, língua, dos braços que permitem expôr sons e gestos com uma forma (composição e sucessão) específica. Mas isso fica para outras paragens.

Esta é a razão da necessidade de sintonização: porque a informação não se transfere de forma úbiqua como a energia, na qual basta o contacto entre quaisquer dois corpos. A informação é criada quando se torna possível reproduzir a configuração e com isso transferir em fluxos a acção da própria inercialidade configuracional.

sábado, 14 de março de 2009

Valores e power-law

Novos estudos sobre o mundo vivo trouxeram novidades ao nível da caracterização das relações que se estabelecem internamente, sabe-se hoje que existem algumas características regulares. Essas dinâmicas foram denominadas por "Power-Laws". Basicamente estas leis sugerem que a existência do mundo vivo se deve à criação de dinâmicas produtoras de assimetria. Foram associadas ao termo poder porque é disso que se trata: existe vida porque existe poder e este está distribuido de forma profundamente assimétrica.

De alguma forma o sistema produz "trabalho" (no sentido termodinâmico) porque é criado um potencial interno, é essa diferença que induz a produção e a manutenção dos fluxos internos. Os fluxos que, quando regularizados, criam os ciclos dos sistemas biológicos - ou seja, a vida.

Para compreender a lógica que está por trás destas "leis do poder" vejamos o seguinte video:



Como é que se relacionam estas ideias com a discussão sobre a dinâmica mental e o papel dos valores? Porque o funcionamento da mente rege-se pelas power-laws. Vimos em posts anteriores que a sua topologia está organizada por diferenças de distribuição dos conteúdos mentais. Sendo que os valores são os mais frequentes: mais redundantes, mais reproduzidos e mais intensos. São portanto os conteúdos lógicos que mais contribuem para o funcionamento dos raciocínios. Por isso, a contribuição também é assimétrica. Tal como determina uma power-law, uma pequena quantidade de conteúdos é responsável por uma grande parte da lógica do sistema: da sua estrutura e dinâmica.

É por esta a razão que se demominou por estado inercial do sistema cognitivo. Mas tal como sugere o autor da palestra, de forma nenhuma se pode afirmar que as marginalidades não são determinantes. Uma pequena contribuição pode ser fundamental para resolver lógica ou comportamentalmente uma qualquer grande questão. E isso numa sociedade complexa está sempre a ser solicitado. A marginalidade é importante como factor de inovação e evolução. Pois, permite romper com o conservadorismo institucionalizado.

terça-feira, 10 de março de 2009

Inércia cognitiva - relação pensamento-emoções

Este estado inercial é resiliente. Embora esteja sempre a evoluir, fruto da nossa capacidade de armazenar e escolher, existe uma certa regularidade. Não fora isso não fazia sentido aplicar o termo inercial. Essa é uma das funções das emoções: assinalar a intensidade do conflito e com isso dar a medida da resiliência de cada estado do sistema. Para explicar isto tenho de explicar primeiro como é que vejo o funcionamento das emoções na sua relação com a lógica e o comportamento.

A lógica desse funcionamento funda-se na seguinte correlação: estruturas lógicas mais redundantes induzem respostas emocionais mais intensas. Daí os conflitos que ameaçam a integridade da estrutura dos nossos valores se tornarem rapidamente em discussões bastante inflamadas. Os valores são, por isso, a região mental com capacidade de induzir respostas comportamentais mais fortes, porque geram sentimentos mais intensos.

Usando uma metáfora poder-se-á dizer que a mente está organizada com uma distribuição assimétrica de conteúdos, essa variação é a quantidade de carga energética armazenada, que varia de região para região. Os valores são os domínios com maior carga energética. Os sentimentos são a resposta interna, do corpo, que nos dá a percepção da medida dessa carga. Quando o sentimento é despoletado induz uma certa reacção comportamental, a intensidade é variável conforme a quantidade de carga despoletada. Isso são as emoções. (Mas as emoções - essa "explosão" muscular em intensidade - podem não ser a única fora de reagir, mas isso fica para outras paragens.)

Mas ainda falta explicar algo: como é que funciona esta relação entre a quantidade armazenada (redundância estrutural) e os fluxos lógico-comportamentais (redundância funcional). Porque para se explicarem a indução dos fluxos não se pode concentrar toda a explicação na quantidade. No domínio cognitivo os fluxos surgem do resultado de muita sintonização. E aqui a ideia de composição é fundamental.

Falar em sintonização é descrever um estado em que existe uma quantidade suficiente de sobreposição das composições dos conteúdos. Podemos denominar por grau de ajustamento. O emissor e o receptor têm de conseguir comunicar, isto é, o emissor só despoleta uma reacção no receptor se existir uma quantidade suficiente de elementos partilhados na composição do estímulo comunicado. É assim que se forma um fluxo. E uma trajectória de fluxo - um raciocínio ou um comportamento - porque são mais complexos exigem que se forme uma cadeia de "complexos emissor-receptor" sintonizados.

Assim, os valores constituem-se num sistema interligado, cooperante, que se retro-alimenta. E que influenciam e regularizam a lógica, o comportamento e os sentimentos. Quando implementada essa região fluída procurará manter a sua integridade e as suas elevadas taxas de reprodução. É desta forma que se pode falar em inércia, ela não é real, é uma idealização. A regularidade é uma questão de probabilidade: de se manterem por um determinado período reacções altamente influenciadas por um mesmo conjunto de conteúds mentais.Os valores são uma região que evoluiu para se tornar a mais fluida: mais sobreposições na composição dos complexos emissor-receptor e mais quantidade de complexos desse tipo.

Em conclusão: a resposta emocional é uma reacção simples, em intensidade, de um estado inercializado. E varia na sua intensidade em função da conjugação da quantidade e da fluidez da região estimulada. Desta forma os sentimentos são o pulsar do estado do sistema: a partir da visão interna, vivida, servem para sinalizar, da versão externa, analisada, pode ser encarada como a medida da resiliência desse estado.

domingo, 8 de março de 2009

Inércia cognitiva - relação pensamento-comportamento

Neste texto vou alargar mais um pouco a visão sobre o papel dos valores em toda a dimensão do ser humano. A estrutura de valores também pode ser vista como uma plataforma que regulariza e articula os nossos diferentes domínios cognitivos: pensamento, comportamento e emoções. Defendo aqui que anda tudo ligado.

Já desenvolvi uma parte da dinâmica que se estabelece entre o raciocínio e os valores. Agora passarei a explicar como é que me parece ser a relação entre essas estruturas governativas com os comportamentos e as emoções. No primeiro caso a dinâmica não difere muito daquela que tenho vindo a explorar. Vamos então começar pela relação entre comportamento e pensamento.

O nosso comportamento também tem a sua regularidade: que nós denominamos por hábitos. Aquilo que acredito é que os hábitos são condicionados pelos nossos valores e vice-versa. Cada estado do nosso sistema cognitivo é o resultado de uma co-evolução entre estes dois domínios: comportamento e pensamento.

Como vimos a dinâmica mental tende a promover distribuições assimétricas na quantidade dos seus conteúdos e, também, diferenças na frequência com que surgem na nossa comunicação. Existe assim uma correlação (não sei se linear ou não) entre valores e conteúdo comunicado. Aqueles que surgem em maior quantidade são os mais valorizados, os mais valorizados aumentam a sua taxa de reprodução. É isso que os faz, aos nossos valores, estruturas estáveis.

A forma como essa valorização influencia os nossos comportamentos, para além do linguístico, também é óbvia: o que é mais valorizado é também mais procurado, e isso é promotor de dinâmicas de estabilização do comportamento dirigido para observação (ou para outro domínio sensorial). Porque valorizamos procuramos, porque procuramos usamos, porque usamos mais reproduz-se mais, se se reproduz mais aumenta a sua distribuição, logo é mais valorizado, e assim por diante. Criando um circuito fechado - um hábito - que se auto-alimenta. Tudo baseado num jogo de assimetrias e correlação entre taxas de reprodução (frequência) e quantidade armazenada (redundância).

Por outro lado, a nossa própria avaliação sobre os nossos próprios comportamentos também é influenciada pelos nosso valores. Se um conjunto de movimentos nos dá, porque assim o entendemos, alguma eficácia comportamental, uma certa vantagem, vamos assinalar mentalmente essa situação, assinalando na memória o comportamento vantajoso. Mas essa eficácia é avaliada em função das nossas valorizações prévias: algo que dá vantagem, no âmbito da melhoria das relações com algo que já valorizamos, recebe mais atenção e mais ponderação, relativamente a algo que nos dá vantagem sobre um assunto que nos é completamente indiferente. E assim se produz mais uma dinâmica de retro-alimentação que regulariza e articula a dinâmica de raciocínio, linguagem, atenção e outros comportamentos.

Criando uma correlação que se estabelece entre todas estes domínios que se pode denominar por por Estado Cognitivo. E cada estado é composto por uma Inércia Cognitiva. Cada ser humano tem o seu nicho, logo cada ser tem o seu estado inercial.

É importante ter em atenção que por agora só estou a explorar o lado construtivo da coisa. Existe uma outra dinâmica que produz destruturação e, se for profunda, pode levar à substituição do estado inercial.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sistema de valores e nicho cognitivo

No post anterior concluí que cada indivíduo tem o seu sistema de valores próprio. Não existem dois iguais. E, como é a partir desse sistema que se gera a lógica, cada indivíduo tem a sua própria lógica. Ora, esta afirmação tem consequências drásticas sobre a forma como podemos ou devemos olhar para nós próprios como ser humanos. Para tal convêm explorar um pouco mais o seu significado.



Parece-me óbvio que qualquer estrutura de valores é finita - ou seja, cada sistema de valores individuais é composto por um número finito de conteúdos mentais. Como todos os novos conteúdos mentais são gerados a partir de raciocínios feitos a partir de conteúdos já previamente armazenados na mente, as possibilidades lógicas abertas, por cada acto de criatividade, são limitadas. As combinações possíveis que se podem fazer a partir de um número limitado de conteúdos são sempre tambem elas limitadas. Logo a amplitude cogntiva de cada indivíduo é ela própria limitada. Cada um de nós vive num dado espectro e a consequência desta dinâmica é a existência de nichos cognitivos diferenciados. Cada ser humano vive no seu.



Como o resultado de cada raciocinio lógico depende de um composição previamente estabelecida, e como essa composição é diferente para todos, a interacção entre indivíduos é sempre parcialmente problemática. Como vivemos numa sociedade onde a diferenciação profissional e pessoal é um valor muita acarinhado, as trajectórias pessoais são cada vez mais divergentes, as estruturas de valores cada vez mais diversas e portanto, o esperado, é que as dificuldades de comunicação sejam cada vez maiores.



Talvez!...



A não ser que nos preparemos para isso e saibamos retirar partido dessa situação, relacionando-nos com uma nova capacidade para lidar com o "estranho" ou com aquilo que não nos faz sentido. Para colmatar os problemas associados à comunicação e entendimento postos pela valorização da diferenciação das trajectórias individuais é necessário uma ética que não se oponha à própria natureza da defesa da auto-determinação. É necessário uma ética equilibre as possibilidades individuais com as necessidades do colectivo. Uma ética informativa e pluralista.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A função dos valores - auto-referência

Os valores são suportes lógicos do raciocínio individual - são "ganchos" da mente - que servem de geradores lógicos. E cada um tem a sua -única e identitária.


Os valores são mesmo os habitantes da mente que mais influenciam a construção de cada raciocínio. Ou seja, cada conteúdo mental, resultante de um processo de raciocínio, é composto preferencialmente por elementos que pertencem também à composição da estrutura de valores. Acontece o mesmo com o código genético dos filhos, este é parcialmente partilhado com os genes dos pais porque é recebido em herança. No processo de raciocínio cada novo pensamento-filho partilha no seu código uma grande parte da estrutura dos valores-pais.


É importante reconhecer que esta visão defende implicitamente que todo o raciocínio é formado a partir de outro - o que numa linguagem cognitivista pressupôe dizer que todo o conteúdo mental é gerado a partir de outros conteúdos da mente. E os valores asseguram uma parte importante dessa dinâmica de ciclos geradores de conteúdos mentais.

Isso acontece devido à sua posição central (redundante, frequente e intensa) na estrutura topológica de cada mente. A essa posição é usualmente consignado o termo confiança.

A emergência de um conteúdo "banal" à categoria de valor processa-se da seguinte forma: algo acontece, uma experiência, que permite melhorar a confiança num conjunto de raciocínios lógicos, os conteúdo que lhes dão corpo surgem com maior frequência nos processos mentais e comunicacionais quotidianos. E porque aumenta a sua participação no processo de composição dos novos conteúdos mentais sobe, mais ainda, a confiança que lhes é atribuida. Nessa altura os valores estão disseminados na mente de forma tão profunda que acabam por integrar com uma elevada probabilidade e com uma elevada contribuição cada processo de raciocínio. Portanto, subiram na sua frequência estrutural - redundância -, subiram na sua frequência comunicacional e subiram na sua intensidade reaccional (emocional). Quando atingem esse limiar de confiança é-lhes atribuído a designação de valores e situam-se como a fonte auto-referencial da dinâmica mental de cada indivíduo.

Este processo por ser tão co-dependente da relação que se estabelece entre as experiências passadas e cada estrutura resultante - cada estado do sistema - faz de cada indivíduo uma entidade com uma lógica própria: auto-referente, única, irrepetível e identitária.

terça-feira, 3 de março de 2009

Uma visão diferente da função da ética

A questão mais premente que se coloca ao cidadão da sociedade complexa é lidar com a mudança. Se o nosso quotidiano evolui permanente e bruscamente é fundamental manter um certo nível de prontidão para responder a esse desafio.

Mas a mudança não é apenas a substituição dos modelos comportamentais, tal como acontece pelo processo de alternância nas sociedades abertas (democráticas e inovadoras). A mudança de paradigma lógico é também um acontecimento quotidiano. Na nossa sociedade coabitam diferentes culturas, com paradigmas lógicos e comportamentais díspares, logo, sempre que mudamos de cenário social, a interacção com a nova estrutura cria uma pressão para fazer uma ruptura mental com o estado anterior - deverá, portanto, emergir uma nova composição mental, mais adequada para o relacionamento com esse novo nicho. Sendo assim, a sociedade em mutação permanente necessita de uma estrutura de governação das relações sociais que evolua e promova a evolução e capacidade de ajustamento mental do indivíduo.

É por isso que, não é só importante desenvolver uma nova ética, é necessária uma visão diferente da sua função. O seu objectivo não deve ser o de bloquear a criatividade e a comunicação entre cidadãos, não deve servir apenas para restringir comportamentos, não deverá contribuir decisivamente para responder aos desafios de cada um em cada caso concreto, deverá rejeitar o absoluto e o eterno. Servirá para melhorar a eficácia da relação do indivíduo com a vastidão de estímulos que caracterizam a sua envolvente. É uma ética de processo, que procura estimular os elementos do sistema a fluir. Isto é, manter a conversação permanente do indivíduo consigo mesmo e com os outros.

Denominamos esta como a ética da aprendizagem. Acreditamos na importância da manutenção do equilíbrio entre dois eixos desenvolvementistas: a expansão e o ajustamento.

Ética formativa e pluralista

A humanidade está a evoluir desde sempre, isso deve-se à nossa capacidade de armazenar e organizar os estímulos que nos envolvem, tanto individualmente como colectivamente.

A memória e a capacidade de organização dos conteúdos mentais através do pensamento e da comunicação está a fazer surgir uma sociedade com características completamente novas. A propriedade que melhor identifica essa novidade é a COMPLEXIDADE.

O que distingue a sociedade complexa das anteriores é o facto de termos ultrapassado um limiar de quantidade de conhecimento armazenado. E isso está a provocar uma ruptura com as práticas sociais estabelecidas.

A origem da mudança é sobretudo na intensidade, mas as consequências são qualitativas. Atingido esse estado do sistema - com uma certa quantidade de conteúdos mentais organizados e com uma extensão do sistema cognitivo por via das tecnologias - apresentam-se novos desafios, jamais enfrentados pelos seres humanos.

Níveis de estimulação humana muito elevada, convivência quotidiana com culturas e lógicas profundamente díspares, exigências de âmbito global, alternância consecutiva dos modelos comportamentais, requalificação do corpo humano, e muitos outras transformações.

Para lidar com esta nova ordem tem de ser uma ética CONSTRUTIVA, para além do seu papel restritivo atríbuido no passado, e de PROCESSO, ao invés de ser essencialista. A ética para o futuro poderá ser classificada como uma META-RACIONALIDADE. É uma ética de aprendizagem, (in)formativa e pluralista.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sinapsianos

A sinapsilândia pretende ser para todos aqueles que querem pensar, debater, conhecer e agir sobre a humanidade - é o lugar dos sinapsianos.

O mundo evoluiu para uma sociedade nova, complexa e global. Parte desta transformação terá efeitos nas relações entre pessoas, entre pessoas e instituições e entre instituições.

Um dos grandes desafios das várias culturas e das pessoas, neste mundo global, é manter um certo nível de diferenciação mantendo-se abertas à conversação com as outras. Portanto, manter identidade sem perder a capacidade de co-evoluir.

Este desafio requer uma nova abordagem - uma nova ética.

Este será o desafio de todos os sinapsianos: desenvolver uma ética que esteja ajustada aos desafios da sociedade nova, complexa e global.